307. Como é que ao
Espírito se lhe desenha na memória a sua vida passada? Será por esforço da própria
imaginação, ou como um quadro que se lhe apresenta à vista?
“De uma e outra formas.
São-lhe como que presentes todos os atos de que tenha interesse em lembrar-se. Os
outros lhe permanecem mais ou menos vagos na mente, ou esquecidos de todo. Quanto
mais desmaterializado estiver, tanto menos importância dará às coisas materiais. Essa a
razão por que, muitas vezes, evocas um Espírito que acabou de deixar a Terra
e verificas que não se lembra dos nomes das pessoas que lhe eram caras, nem de uma
porção de coisas que te parecem importantes. É que tudo isso, pouco lhe importando, logo
caiu em esquecimento. Ele só se recorda perfeitamente bem dos fatos principais que
concorrem para a sua melhoria.”
308. O Espírito se
recorda de todas as existências que precederam a que acaba de ter?
“Todo o seu passado se lhe
desdobra à vista, quais a um viajor os trechos do caminho que percorreu. Mas,
como já dissemos, não se recorda, de modo absoluto, de todos os seus atos. Lembra-se
destes conformemente à influência que tiveram na criação do seu estado atual. Quanto às
primeiras existências, as que se podem considerar a infância do Espírito, essas se perdem no
vago e desaparecem na noite do esquecimento.”
309. Como considera o
Espírito o corpo de que vem de separar-se?
“Como veste imprestável, que
o embaraçava, sentindo-se feliz por estar livre dela.”
a) - Que sensação lhe
causa o espetáculo do seu corpo em decomposição?
“Quase sempre se conserva
indiferente a isso, como a uma coisa que em nada o interessa.”
310. Ao cabo de algum
tempo, reconhecerá o Espírito os ossos ou outros objetos que lhe tenham
pertencido?
“Algumas vezes, dependendo
do ponto de vista mais ou menos elevado, donde considere as coisas
terrenas.”
311. A veneração que se
tenha pelos objetos materiais que pertenceram ao Espírito lhe dá prazer e atrai a
sua atenção para esses objetos?
“É sempre grato ao Espírito
que se lembrem dele, e os objetos que lhe pertenceram trazem-no à memória dos que
ele no mundo deixou. Mas, o que o atrai é o pensamento destas pessoas e não aqueles
objetos.”
312. E a lembrança dos
sofrimentos por que passaram na última existência corporal, os Espíritos a
conservam?
“Freqüentemente assim
acontece e essa lembrança lhes faz compreender melhor o valor da felicidade de que
podem gozar como Espíritos.”
313. O homem, que neste
mundo foi feliz, deplora a felicidade que perdeu, deixando a Terra?
“Só os Espíritos inferiores
podem sentir saudades de gozos condizentes com uma natureza impura qual a
deles, gozos que lhes acarretam a expiação pelo sofrimento. Para os Espíritos elevados, a
felicidade eterna é mil vezes preferível aos prazeres efêmeros da Terra.”
Exatamente como sucede ao
homem que, na idade da madureza, nenhuma importância liga ao que
tanto o deliciava na infância.
314. Aquele que deu
começo a trabalhos de vulto com um fim útil e que os vê interrompidos pela morte,
lamenta, no outro mundo, tê-los deixado por acabar?
“Não, porque vê que outros
estão destinados a concluí-los. Trata, ao contrário, de influenciar outros Espíritos
humanos, para que os ultimem. Seu objetivo, na Terra, era o bem da Humanidade: o mesmo
objetivo continua a ter no mundo dos Espíritos.”
315. E o que deixou
trabalhos de arte ou de literatura, conserva pelas suas obras o amor que lhes tinha
quando vivo?
“De acordo com a sua
elevação, aprecia-as de outro ponto de vista e não é raro condene o que maior
admiração lhe causava.”
316. No além, o Espírito
se interessa pelos trabalhos que se executam na Terra, pelo progresso das artes
e das ciências?
“Conforme à sua elevação ou
à missão que possa ter que desempenhar. Muitas vezes, o que vos parece
magnífico bem pouco é para certos Espíritos, que, então, o admiram, como o sábio admira
a obra de um estudante. Atentam apenas no que prove a elevação dos encarnados e
seus progressos.”
317. Após a morte,
conservam os Espíritos o amor da pátria?
“O princípio é sempre o
mesmo. Para os Espíritos elevados, a pátria é o Universo. Na Terra, a pátria, para
eles, está onde se ache o maior número das pessoas que lhes são simpáticas.”
As condições dos Espíritos e
as maneiras por que vêem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus
de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. Geralmente, os Espíritos de
ordem elevada só por breve tempo se aproximam da Terra. Tudo o que aí se faz é tão
mesquinho em comparação com as grandezas do infinito, tão pueris são, aos olhos deles,
as coisas a que os homens mais importância ligam, que quase nenhum atrativo lhes oferece
o nosso mundo, a menos que para aí os leve o propósito de concorrerem para o progresso
da Humanidade. Os Espíritos de ordem intermédia são os que mais freqüentemente baixam a
este planeta, se bem considerem as coisas de um ponto de vista mais alto do que
quando encarnados. Os Espíritos vulgares, esses são os que aí mais comprazem e constituem a
massa da população invisível do globo terráqueo. Conservam quase que as mesmas idéias,
os mesmos gostos e as mesmas inclinações que tinham quando revestidos do invólucro
corpóreo. Metem-se em nossas reuniões, negócios, divertimentos, nos quais tomam parte mais
ou menos ativa, segundo seus caracteres. Não podendo satisfazer às suas paixões,
gozam na companhia dos que a eles se entregam e os excitam a cultivá-las. Entre eles, no
entanto, muitos há, sérios, que vêem e observam para se instruírem e aperfeiçoarem.
318. As idéias dos
Espíritos se modificam quando na erraticidade?
“Muito; sofrem grandes
modificações, à proporção que o Espírito se desmaterializa. Pode este, algumas vezes,
permanecer longo tempo imbuído das idéias que tinha na Terra; mas, pouco a pouco, a
influência da matéria diminui e ele vê as coisas com maior clareza. É então que procura os meios
de se tornar melhor.”
319. Já tendo o Espírito
vivido a vida espírita antes da sua encarnação, como se explica o seu espanto ao
reingressar no mundo dos Espíritos?
“Isso só se dá no primeiro
momento e é efeito da perturbação que se segue ao despertar do Espírito. Mais
tarde, ele se vai inteirando da sua condição, à medida que lhe volta a lembrança do passado
e que a impressão da vida terrena se lhe apaga.” (Ns.
163 e seguintes.)
Comemoração dos mortos.
Funerais
320. Sensibiliza os
Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?
“Muito mais do que podeis
supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados,
serve-lhes de lenitivo.”
321. O dia da comemoração
dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes
ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?
“Os Espíritos acodem nesse
dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem
noutro dia qualquer.”
a) - Mas o de finados é,
para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?
“Nesse dia, em maior número
se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o
das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém, cada Espírito vai lá somente
pelos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.”
b) - Sob que forma aí
comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se visíveis?
“Sob a que tinham quando
encarnados.”
322. E os esquecidos,
cujos túmulos ninguém vai visitar, também lá, não obstante, comparecem e sentem algum
pesar por verem que nenhum amigo se lembra deles?
“Que lhes importa a Terra?
Só pelo coração nos achamos a ela presos. Desde que aí ninguém mais lhe vota
afeição, nada mais prende a esse planeta o Espírito, que tem para si o Universo inteiro.”
323. A visita de uma
pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais
aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?
“Aquele que visita um túmulo
apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é
a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato
da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”
324. Os Espíritos das
pessoas a quem se erigem estátuas ou monumentos assistem à inauguração de umas e
outros e experimentam algum prazer nisso?
“Muitos comparecem a tais
solenidades, quando podem; porém, menos os sensibiliza a homenagem que
lhes prestam do que a lembrança que deles guardam os homens.”
325. Qual a origem do
desejo que certas pessoas exprimem de ser enterradas antes num lugar do que noutro?
Será que preferirão, depois de mortas, vir a tal lugar? E essa importância dada a uma
coisa tão material constitui indício de inferioridade do Espírito?
“Afeição particular do
Espírito por determinados lugares; inferioridade moral. Que importa este ou aquele canto da Terra a um Espírito
elevado? Não sabe ele que sua alma se reunirá às dos que lhe são caros, embora fiquem
separados os seus respectivos ossos?”
a) - Deve-se considerar
futilidade a reunião dos despojos mortais de todos os membros de uma família?
“Não; é um costume piedoso e
um testemunho de simpatia que dão os que assim procedem aos que lhes foram
entes queridos. Conquanto destituída de importância para os Espíritos, essa reunião é
útil aos homens: mais concentradas se tornam suas recordações.”
326. Comovem a alma que
volta à vida espiritual as honras que lhe prestem aos despojos mortais?
“Quando já ascendeu a certo
grau de perfeição, o Espírito se acha escoimado de vaidades terrenas e
compreende a futilidade de todas essas coisas. Porém, ficai sabendo, há Espíritos que, nos primeiros
momentos que se seguem à sua morte material, experimentam grande prazer com as honras
que lhes tributam, ou se aborrecem com o pouco caso que façam de seus envoltórios
corporais. É que ainda conservam alguns dos preconceitos desse mundo.”
327. O Espírito assiste
ao seu enterro?
“Freqüentemente assiste,
mas, algumas vezes, se ainda está perturbado, não percebe o que se passa.”
a) - Lisonjeia-o a
concorrência de muitas pessoas ao seu enterramento?
“Mais ou menos, conforme o
sentimento que as anima.”
328. O Espírito daquele
que acaba de morrer assiste à reunião de seus herdeiros?
“Quase sempre. Para seu
ensinamento e castigo dos culpados, Deus permite que assim aconteça. Nessa
ocasião, o Espírito julga do valor dos protestos que lhe faziam.
Todos os sentimentos se lhe
patenteiam e a decepção que lhe causa a rapacidade dos que entre si partilham os bens por ele deixados o
esclarece acerca daqueles sentimentos. Chegará, porém, a vez dos que lhe motivam essa
decepção.”
329. O instintivo
respeito que, em todos os tempos entre todos os povos, o homem consagrou e consagra aos
mortos é efeito da intuição que tem da vida futura?
“É a conseqüência natural
dessa intuição. Se assim não fosse, nenhuma razão de ser teria esse respeito.”
CAPÍTULO VII
DA VOLTA DO ESPÍRITO À VIDA CORPORAL
1. Prelúdio da volta. -
2. União da alma e do corpo. Aborto. - 3. Faculdades morais e intelectuais do homem. -
4. Influência do organismo. - 5. Idiotismo e loucura. - 6. A infância. - 7.
Simpatias e antipatias terrestres. - 8. Esquecimento do passado.
Prelúdio da volta
330. Sabem os Espíritos
em que época reencarnarão?
“Pressentem-na, como sucede
ao cego que se aproxima do fogo. Sabem que têm de retomar um corpo, como
sabeis que tendes de morrer um dia, mas ignoram quando isso se dará.” (166)
a) - Então, a
reencarnação é uma necessidade da vida espírita, como a morte o é da vida corporal?
“Certamente; assim é.”
331. Todos os Espíritos
se preocupam com a sua reencarnação?
“Muitos há que em tal coisa
não pensam, que nem sequer a compreendem. Depende de estarem mais ou menos
adiantados. Para alguns, a incerteza em que se acham do futuro que os aguarda constitui
punição.”
332. Pode o Espírito
apressar ou retardar o momento da sua reencarnação?
“Pode apressá-lo, atraindo-o
por um desejo ardente. Pode igualmente distânciá-lo, recuando diante da prova, pois entre os Espíritos
também há covardes e indiferentes.. Nenhum, porém assim procede impunemente, visto que sofre
por isso, como aquele que recusa o remédio capaz de curálo.”
333. Se se considerasse
bastante feliz, numa condição mediana entre os Espíritos errantes e,
conseguintemente, não ambicionasse elevar-se, poderia um Espírito
prolongar indefinidamente esse
estado?
“Indefinidamente, não. Cedo
ou tarde, o Espírito sente a necessidade de progredir. Todos têm que se elevar;
esse o destino de todos.”
334. Há predestinação na
união da alma com tal ou tal corpo, ou só à última hora é feita a escolha do corpo
que ela tomará?
“O Espírito é sempre, de
antemão, designado. Tendo escolhido a prova a que queira submeter-se, pede para
encarnar. Ora, Deus, que tudo sabe e vê, já antecipadamente sabia e vira que tal Espírito se
uniria a tal corpo.”
335. Cabe ao Espírito a
escolha do corpo em que encarne, ou somente a do gênero de vida que lhe sirva de
prova?
“Pode também escolher o
corpo, porquanto as imperfeições que este apresente ainda serão, para o Espírito,
provas que lhe auxiliarão o progresso, se vencer os obstáculos que lhe oponha. Nem sempre,
porém, lhe é permitida a escolha do seu invólucro corpóreo; mas, simplesmente, a faculdade de
pedir que seja tal ou qual.”
a) - Poderia o Espírito
recusar, à última hora, tomar o corpo por ele escolhido?
“Se recusasse, sofreria
muito mais do que aquele que não tentasse prova alguma.”
336. Poderia dar-se não
haver Espírito que aceitasse encarnar numa criança que houvesse de nascer?
“Deus a isso proveria.
Quando uma criança tem que nascer vital, está predestinada sempre a ter uma alma. Nada
se cria sem que à criação presida um desígnio.”
337. Pode a união do
Espírito a determinado corpo se imposta por Deus?
“Certo, do mesmo modo que as
diferentes provas, mormente quando ainda o Espírito não está apto a
proceder a uma escolha com conhecimento de causa. Por expiação, pode o Espírito ser
constrangido a se unir ao corpo de determinada criança que, pelo seu nascimento e pela posição
que venha a ocupar no mundo, se lhe torne instrumento de castigo.”
338. Se acontecesse que
muitos Espíritos se apresentassem para tomar determinado corpo destinado a nascer,
que é o que decidiria sobre a qual deles pertenceria o corpo?
“Muitos podem pedi-lo; mas,
em tal caso, Deus é quem julga qual o mais capaz de desempenhar a missão a que a
criança se destina. Porém, como já eu disse, o Espírito é designado antes que soe o
instante em que haja de unir-se ao corpo.”
339. No momento de
encarnar, o Espírito sofre perturbação semelhante à que experimenta ao
desencarnar?
“Muito maior e sobretudo
mais longa. Pela morte, o Espírito sai da escravidão; pelo nascimento, entra para ela.”
340. É solene para o
Espírito o instante da sua encarnação? Pratica ele esse ato considerando-o grande e
importante?“Procede como o viajante que
embarca para uma travessia perigosa e que não sabe se encontrará ou não a morte
nas ondas que se decide a afrontar.”
O viajante que embarca sabe
a que perigo se lança, mas não sabe se naufragará. O mesmo se dá com o Espírito: conhece o gênero das
provas a que se submete, mas não sabe se sucumbirá.
Assim como, para o Espírito,
a morte do corpo é uma espécie de renascimento, a reencarnação é uma espécie
de morte, ou antes, de exílio, de clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos pelo mundo
corporal, como o homem deixa este mundo por aquele. Sabe que reencarnará, como o homem
sabe que morrerá. Mas, como este com relação à morte, o Espírito só no instante
supremo, quando chegou o momento predestinado, tem consciência de que vai reencarnar.
Então, qual do homem em agonia, dele se apodera a perturbação, que se prolonga até que a nova
existência se ache positivamente encetada. À aproximação do momento de reencarnar, sente
uma espécie de agonia.
341. Na incerteza em que
se vê, quanto às eventualidades do seu triunfo nas provas que vai suportar na vida,
tem o Espírito uma causa de ansiedade antes da sua encarnação?
“De ansiedade bem grande,
pois que as provas da sua existência o retardarão ou farão avançar, conforme as
suporte.”
342. No momento de
reencarnar, o Espírito se acha acompanhado de outros Espíritos seus amigos,
que vêm assistir à sua partida do mundo incorpóreo, como vêem recebê-lo quando para lá
volta?
“Depende da esfera a que
pertença. Se já está nas em que reina a afeição, os Espíritos que lhe querem o
acompanham até o último momento, animam e mesmo lhe seguem, muitas vezes, os
passos pela vida em fora.”
343. Os que vemos em
sonho, que nos testemunham afeto e que se nos apresentam com desconhecidos
semblantes, são alguma vez os Espíritos amigos que nos seguem os passos na vida?
“Muito freqüentemente são
eles que vos vêm visitar, como ides visitar um encarcerado.”
União da alma e do corpo
344. Em que momento a
alma se une ao corpo?
“A união começa na
concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da
concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que
cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o
recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”
345. É definitiva a união
do Espírito com o corpo desde o momento da concepção? Durante esta primeira
fase, poderia o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado?
“É definitiva a união, no
sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que está designado para aquele
corpo. Mas, como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se
rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que
escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.”
346. Que faz o Espírito,
se o corpo que ele escolheu morre antes de se verificar o nascimento?
“Escolhe outro.”
a) - Qual a utilidade
dessas mortes prematuras?
“Dão-lhes causa, as mais das
vezes, as imperfeições da matéria.”
347. Que utilidade
encontrará um Espírito na sua encarnação em um corpo que morre poucos dias depois
de nascido?
“O ser não tem então
consciência plena da sua existência. Assim, a importância da morte é quase nenhuma.
Conforme já dissemos, o que há nesses casos de morte prematura é uma prova para os pais.”
348. Sabe o Espírito,
previamente, que o corpo de sua escolha não tem probabilidade de viver?
“Sabe-o algumas vezes; mas,
se nessa circunstância reside o motivo da escolha, isso significa que está fugindo à
prova.”
349. Quando falha por
qualquer causa a encarnação de um Espírito, é ela suprida imediatamente por outra
existência?
“Nem sempre o é
imediatamente. Faz-se mister dar ao Espírito tempo para proceder a nova escolha, a menos que
a reencarnação imediata corresponda a anterior determinação.”
350. Uma vez unido ao
corpo da criança e quando já lhe não é possível voltar atrás, sucede alguma vez
deplorar o Espírito a escolha que fez?
“Perguntas se, como homem,
se queixa da vida que tem? Se desejara que outra fosse ela? Sim. Se se arrepende da
escolha que fez? Não, pois não sabe ter sido sua escolha. Depois de encarnado, não
pode o Espírito lastimar uma escolha de que não tem consciência. Pode, entretanto, achar
pesada demais a carga e considerá-la superior às suas forças. É quando isso acontece que
recorre ao suicídio.”
351. No intervalo que
medeia da concepção ao nascimento, goza o Espírito de todas as suas faculdades?
“Mais ou menos, conforme o
ponto, em que se ache, dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas
ligado. A partir do instante da concepção, começa o Espírito tomado de perturbação, que o
adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea. Essa
perturbação cresce de contínuo até ao nascimento, Nesse intervalo, seu estado é
quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono. À medida que a hora do
nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do
qual deixa de ter consciência na
condição, de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco ao
retornar ao estado de Espírito.”
352. Imediatamente ao
nascer recobra o Espírito a plenitude das suas faculdades?
“Não, elas se desenvolvem
gradualmente com os órgãos. O Espírito se acha numa existência nova; preciso é
que aprenda a servir-se dos instrumentos de que dispõe. As idéias lhe voltam pouco a pouco,
como a uma pessoa que desperta e se vê em situação diversa da que ocupava na véspera.”
353. Não sendo completa a
união do Espírito ao corpo, não estando definitivamente consumada, senão depois
do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado de alma?
“O Espírito que o vai animar
existe, de certo modo, fora dele. O feto não tem pois, propriamente falando, uma
alma, visto que a encarnação está apenas em via de operar-se. Acha-se, entretanto, ligado
à alma que virá a possuir.”
354. Como se explica a
vida intra-uterina?
“É a da planta que vegeta. A
criança vive vida animal. O homem tem a vida vegetal e a vida animal que, pelo
seu nascimento, se completam com a vida espiritual.”
355. Há, de fato, como o
indica a Ciência, crianças que já no seio materno não são vitais? Com que fim
ocorre isso?
“Freqüentemente isso se dá e
Deus o permite como prova, quer para os pais do nascituro, quer para o
Espírito designado a tomar lugar entre os vivos.”
356. Entre os natimortos
alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?
“Alguns há, efetivamente, a
cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar
para eles. Tais crianças então só vêm por seus pais.”
a) - Pode chegar a termo
de nascimento um ser dessa natureza?
“Algumas vezes; mas não
vive.”
b) - Segue-se daí que
toda criança que vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si um
Espírito?
“Que seria ela, se assim não
acontecesse? Não seria um ser humano.”
357. Que conseqüências
tem para o Espírito o aborto?
“É uma existência nulificada
e que ele terá de recomeçar.”