FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME IX

 

Questão 448 comentada

CAPÍTULO 40

0448/LE

PERMANÊNCIA DA SEGUNDA VISTA

 

A segunda vista não é permanente, sendo-o somente a faculdade, que é um dom inerente à alma; mas, o estado de ver obedece ao exercício.

No assunto que ventilamos, podemos sentir o seguinte exemplo: um escritor tem a faculdade permanente, mas a escrita não; ela surge somente quando a exercita, quando quer escrever. Assim é a dupla vista nos seres encarnados ou fora da carne. Pode-se dizer que é a vontade de ver; quando passa a vontade, cessa a visão.

Todavia, em mundos mais adiantados que a Terra, a visão é permanente, porque a alma se encontra mais espiritualizada. Os laços que a prendem ao fardo que lhe servem ficam mais frouxos, e não encontram no corpo certos embaraços que tolhem a visão da alma.

Todos caminhamos para esse estado; o aperfeiçoamento é gradativo, mas permanente. A alegria e a esperança se encontram nas revelações das leis espirituais, que nos dizem não haver retrocesso. Diz “O Livro dos Espíritos”: “a alma pura tem uma consciência imperturbável”. É para esse estado divino que todos nós avançamos. Uma tranqüilidade imperturbável constitui uma porta para a felicidade, onde o Espírito vive no céu dele mesmo.

Com a evolução das criaturas, o mundo que elas habitam forçosamente subirá de escala. Se a alma intelectualiza a matéria, ela, por força de lei, espiritualiza os elementos, que chegam a alcançar a fluidez. O progresso se faz em tudo: não somente no Espírito, como também em suas vestes, que cada vez mais atingem estado rarefeito. Um mundo espiritualizado vive sob as mesmas leis, mas, também dinamizadas, se esse pode ser o termo, de modo que até as formas cedem a algumas mudanças. Se nesse mundo não se precisa da palavra falada, certamente que esse dom passa a se atrofiar, expressando o verbo em outra dimensão de entendimento. Assim como os ouvidos, os próprios membros dos corpos que sucedem uns aos outros... As mudanças vêm por força da necessidade.

A mesma forma não é permanente. As leis nos forçam às mudanças na pauta da vida que contínua sempre em todas as direções.

A razão nos diz que em mundos adiantados, onde se vive espiritualizado, onde as paixões inferiores já desapareceram, somente deixando alguns vestígios, ninguém entrava a evolução. Ela é lei de Deus, para a paz dos Seus filhos. Compreende-se, pois, que somos todos agraciados pelas leis, que nos ajudam a corrigir os nossos enganos e a estabilizar nossas forças espirituais. É bom que confirmemos todos os dias os nossos feitos, e se alguma coisa saiu errada, a reparemos com urgência, que o Céu sempre ajuda aos de boa vontade. O erro é transitório em todas as circunstâncias, mas, o bem é permanente em todas as direções da vida espiritual.

Filosoficamente falando, devemos aplicar a dupla vista aos nossos erros, e não ter visão ampliada para ver os defeitos alheios. Convém a todos os seres aproveitar as oportunidades de melhorar que Jesus nos concede. Confirmemos de vez em quando nossas forças no bem comum e, se firmes, avancemos trabalhando com Jesus, que o Mestre nunca abandona Seus tutelados em caminho.

 

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