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PREFERÊNCIA
Quando a criança em gestação põe em perigo a vida da mãe, é preferível que
se sacrifique a vida do nascituro, mesmo que o coração dos pais entre em
estado de depressão. A mãe quase sempre tem mais filhos, que estão sob sua
tutela e que precisam da sua assistência com exemplos de crescimento e de
confiança.
Certamente que existem inúmeros filhos órfãos que não o são da bondade de
Deus, que sobrevivem e, em muitos casos, atingem certa projeção em
variadas atividades. No entanto, não seja por isso que vamos sacrificar a
mãe para que nasça uma criança já órfã. “O livro dos Espíritos” nos
recomenda, quando os Espíritos respondem a pergunta do codificador, de
modo claro e sem retoques: — “Preferível é que se sacrifique o ser que
ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”
Não é taxativa a resposta; atentemos para a palavra “preferível”. Essa
resposta nos mostra muitos ângulos da atividade humana, e mesmo
espiritual. É preferível um mal menor quando não se pode livrar dos dois,
mas, a Doutrina dos Espíritos nos ajuda na auto-educação, de modo a nos
livrarmos de todo mal, procurando, por todos os meios, desconhecer os
caminhos que possam nos levar à desarmonia da vida. E para tanto, devemos
ser conscientes de todas as leis de Deus que nos cercam e assistem.
Um dos modos pelo qual dá para percebermos alguns vínculos de lei conosco
é a meditação, que não deve faltar na nossa vida. Conhecemos seres
altamente iluminados que ainda se entregam a meditação todos os dias. Com
esse ato divino, flui para o seu coração, sede dos sentimentos, a
claridade da certeza do que deve ser feito. É o “buscai e achareis”; é o
“batei a abrir-se-vos-á” de Jesus. Nada conquistamos sem o nosso esforço
próprio, como parte de nós, para a paz de consciência.
Irmão em Jesus, quando não puderes manter a paz plena em teu lar, é
preferível a discussão equilibrada do que desfazer o ninho familiar.
Entretanto, esforça-se todos os dias para harmonizar a casa.
Quando o casal não consegue viver junto, havendo o risco de uma tragédia
na seio sagrado da família, é melhor apartar-se, porém, nunca deixes de te
esforçar para manter a paz no lar.
A preferência, no nosso modo de entender, ocupa muitos lugares, como os
que mencionamos, mas, não guardemos no coração as preferências, deixando
que elas condicionem a nossa vida. Preferível mesmo é viver no amor,
aquele onde a fraternidade cria o céu interior onde Deus e Cristo possam
habitar, e a consciência nada tenha a dizer ao contrário.
Façamos tudo para não alimentarmos na nossa vida as idéias de acaulosia*
porque é um crime querer desfazer o que Deus fez com amor. A vida pertence
ao Senhor, e Ele colocou Jesus como vigilante daquilo que é o mais sagrado
de todos os dons: a vida. Quem anda com o Cristo no coração não sacrifica
vidas porque desaparece o preferível.
Nota: acaulosia: aborto (do talo ou tronco da planta).
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