FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME VII

 

Questão 327 comentada

CAPÍTULO 21

0327/LE

O SEPULTAMENTO

 

Nem sempre o Espírito recém-desencarnado assiste ao enterro do seu corpo. Isso depende, e muito, do seu estado emotivo, das suas forças internas, pois não se pode generalizar o posicionamento das almas depois do túmulo. As leis agem em variedades de condições, de acordo com as circunstâncias.

Quando se faz necessário, e o Espírito se encontra em condições, os benfeitores espirituais acompanham a alma recém-desencarnada ao enterro, desde que esse fato lhe sirva de desprendimento do próprio envoltório que lhe serviu de roupa física pelo tempo que estagiou na Terra. Nada se faz sem uma utilidade, principalmente no mundo dos Espíritos.

Em muitos casos, o Espírito não percebe o que se passa no enterro do seu corpo, por estar inconsciente e, de ordinário, não ser de utilidade para o seu bem-estar espiritual; no entanto, existem Espíritos que acompanham o sepultamento dos restos mortais, na expressão aos próprios homens, com certa alegria, por ter aproveitado muito bem sua vida no planeta e ter cumprido seus deveres, o que é raro acontecer. O medo da morte turva a consciência da alma, não a deixando perceber as belezas da transição, que é a passagem de uma vida para a outra.

O espírita deve coadunar forças, pela caridade e oração, no sentido de se preparar para o momento da grande viagem, sem perturbar a engrenagem da consciência nem acelerar o coração mediante o chamado para a outra vida, onde poderemos encontrar com maior nitidez a nós mesmos, do modo que somos. A Doutrina dos Espíritos nos serve de caminho e de escola para o amadurecimento dos nossos sentimentos espirituais, todavia, somente receberemos dela todas as indicações, todos os instrumentos para serem usados. A disposição é nossa, a conquista depende da nossa vontade. Comecemos, que mãos invisíveis ajudar-nos-ão de todas as direções, em nome d’Aquele que é o amor.

Existem almas que não se perturbam com a desencarnação, mas, têm um estado emocional tão alterado que são retiradas para não assistirem ao enterro da roupagem fisiológica e não verem seus amigos e parentes no estado emocional que lhes possam causar distúrbios de difícil reparo. Se ainda não compreendem seus deveres ante a consciência e as promessas feitas, o ambiente é de tristeza oriunda da sua própria personalidade, mas, mesmo assim, mãos amigas os conduzem para o lugar do seu merecimento, como escola de educação no mundo da verdade.

Ao invés de chorar, de reclamar, de se desesperar no enterro do parente e amigo que partiu, seria bem mais útil que todos orassem para o viajante que busca o Além, lhe dando forças.nessa hora derradeira. Quando nasce uma criança o ambiente não é de alegria? Se existem lágrimas, é de contentamento. Na volta do Espírito para sua origem deveria ser o mesmo, sustentando-o para o desprendimento com mais facilidade.

Se há muitos parentes e amigos no sepultamento do corpo, no plano espiritual reúnem-se muitos outros, como que uma comitiva para esperar a chegada do companheiro ao espaço, livre das peias da armadura física. Se cumpriu bem a sua tarefa junto aos seus, palmas de luz ressoam na atmosfera, em gratidão e reconhecimento.

Entreguemos as mãos à educação dos nossos sentimentos, no sentido de que, quando chegar a partida para cá, encontremos primeiramente em nossa consciência a tranqüilidade a que fizemos jus, pela vida reta que tenhamos levado junto aos companheiros de jornada.

Quem segue o Cristo não erra o destino da Luz, e se já somos portadores de alguma verdade evangélica, não podemos ter desculpas. Devemos logo passar a vivência do que já conhecemos que ela nos trará paz nos últimos dias e nos momentos de ingressarmos pelo portal do túmulo.

 

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