FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME VII

 

Questão 307 comentada

CAPÍTULO 01

0307/LE

LEMBRANDO O PASSADO

 

Lembrar-se do passado é uma arte, senão um dom, que pode se desenvolver de acordo com as necessidades da alma.

A natureza, acionada pela força de Deus, não perde tempo: ela ajuda na semeadura e serve de agente na colheita, quando isso é necessário ao Espírito. Precisamos entender essa ciência, porque ela nos ajuda a viver melhor, mostrando-nos os caminhos da felicidade.

A nossa consciência grava tudo, todos os fatos que ocorrem conosco em todas as reencarnações, por processos tais que o homem, cuja percepção ainda não foi suficientemente desenvolvida, não consegue compreender.

Quando o Espírito precisa lembrar-se de alguma coisa para o seu benefício, o instrumento para tal é a vontade; todavia, essa vontade deve ser adestrada na ciência do amor. Isso quer dizer que não é somente a consciência que grava os nossos fatos: eles ficam escritos igualmente no exterior, pela sensibilidade do éter cósmico, obediente aos nossos pensamentos. A linguagem não é corno a que se conhece: são imagens que dizem tudo o que fazemos. E, ao subirem para o consciente, despertam em nós poderes, a nos fazerem relembrar de tudo o que realizamos com todos os seus detalhes.

A regressão de memória nos mostra essa realidade, fato comum no exercício de certas mediunidades, como por exemplo, a escrevente. O passado é um celeiro de guardados daquilo que pensamos e fizemos. É nesse sentido que o Evangelho diz, com propriedade, que nada fica escondido. Escrevemos dentro de nós, no livro da consciência, e o hálito divino registra tudo referente à nossa vida, para entregar Deus o que somos e o que estamos fazendo.

Ninguém engana a Deus nem a si mesmo. Não há condições de ocultar os nossos erros ante a nossa vida; querer enganarmos a nós mesmos é perder o tempo que poderíamos aproveitar em subir mais um degrau, ascendendo em busca da luz.

O Espírito evoluído, que já se libertou das paixões humanas, que encontra no amor seu próprio alimento de vida, pode ir ao passado quando desejar, extraindo dele experiências que lhe servem para maiores esclarecimentos. Assim, ele aprendeu a não julgar os outros, pelos erros cometidos, porque também errou no passado. Ele se lembra sempre da advertência de Jesus, que disse: Não julgueis, para não serdes julgados.

Alguns pensam que, desde quando o Espírito se encontra desencarnado, ele se lembra de tudo, de todas as vidas passadas. É um engano; o processo de lembranças é de acordo com as necessidades da alma. Para isso, existe alguém que regula as nossas lembranças. É, pois, tornamos a falar, uma ciência divina, com sublime força para despertar as criaturas.

O que provoca o esquecimento do passado é a ignorância das leis espirituais, e o processo da gravação na consciência ainda é primária para as devidas revelações, no que tange a todas as particularidades da escrita interna, no livro da consciência.

Quando os fatos caem no esquecimento, é porque a sua lembrança pode nos fazer mal. Se teimarmos, buscando aqui e ali meios para regressão da consciência, podemos nos encontrar com o monstro que devora a nossa alegria. A natureza é sábia, e vai nos instruindo parcimoniosamente, de acordo com as nossas necessidades.

Toda violência adultera a verdade, e a verdade desvirtuada nos traz problemas de difícil reparo. Quando vier a idéia de vasculhar o passado por mera curiosidade, procuremos as lições do presente, entregando-nos a construir, ampliando as forças para amar, perdoar e servir, que nesse caminho as forças libertadoras vão se chegando com a sementeira da alegria, e o porvir será encarado como a meta da felicidade. Devemos nos lembrar das reformas que temos a fazer agora, e não nos deixar ficar somente nas lembranças: AJAMOS!

 

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