Parte Segunda
Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
CAPÍTULO III
DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL
A alma após a morte
152. Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte?
“Não tendes essa prova nas comunicações que recebeis? Se não fôsseis
cegos, veríeis; se não fôsseis surdos, ouviríeis; pois que muito amiúde
uma voz vos fala, reveladora da existência de um ser que está fora de
vós.”
A.K.: Os que pensam que, pela morte, a alma reingressa no todo
universal estão em erro, se supõem que, semelhante à gota d’água que cai
no Oceano, ela perde ali a sua individualidade. Estão certos, se por todo
universal entendem o conjunto dos seres incorpóreos, conjunto de que cada
alma ou Espírito é um elemento.
Se as almas se confundissem num amálgama só teriam as qualidades do
conjunto, nada as distinguiria uma das outras. Careceriam de inteligência
e de qualidades pessoais quando, ao contrário, em todas as comunicações,
denotam ter consciência do seu eu e vontade própria. A diversidade
infinita que apresentam, sob todos os aspectos, é a conseqüência mesma de
constituírem individualidades diversas. Se, após a morte, só houvesse o
que se chama o grande Todo, a absorver todas as individualidades, esse
Todo seria uniforme e, então, as comunicações que se recebessem do mundo
invisível seriam idênticas. Desde que, porém, lá se nos deparam seres bons
e maus, sábios e ignorantes, felizes e desgraçados; que lá os há de todos
os caracteres: alegres e tristes, levianos e ponderados, etc., patente se
faz que eles são seres distintos. A individualidade ainda mais evidente se
torna, quando esses seres provam a sua identidade por indicações
incontestáveis particularidades individuais verificáveis, referentes às
suas vidas terrestres, Também não pode ser posta em dúvida, quando se
fazem visíveis nas aparições. A individualidade da alma nos era ensinada
em teoria, como artigo de fé. O Espiritismo a torna manifesta e, de certo
modo, material.
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COMENTÁRIO DO ESPÍRITO MIRAMEZ NA OBRA “FILOSOFIA ESPÍRITA”
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