FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XX

 

Questão 977 comentada

CAPÍTULO 08

0977/LE

EM PRESENÇA DA VÍTIMA

 

Comumente, a vítima está presente junto ao seu ofensor, no entanto, há duas presenças» que a razão nos faz crer, para maior elucidação.

À primeira é a da própria vítima; quando não tem compreensão, ela, por lei que a garante, acompanha seu algoz cobrando o que a sua ignorância lhe fez, perturbando sua vida. Ela se esquece, quase sempre, que ela mesma atraiu esse escândalo, e perseguidor e perseguido, ajuntando-se nos sofrimentos pela assistência do tempo, começam a despertar seus valores espirituais. Aquele que despertar primeiro, se liberta, perdoando ou trabalhando para liberdade do outro. Isto sempre é benefício, por isso que Deus concede que os dois se unam por lei de afinidade, mesmo que aparentemente no mal.

A outra forma de estarem juntos, vítimas e ofensores, é pela via da consciência; ela reproduz para o artista do mal tudo o que ele fez, que surge na sua tela mental de modo mais claro, como se estivesse reproduzindo o mesmo escândalo. Esse sofrimento é mais acentuado que o primeiro.

A consciência é um tribunal que não cede a choro, nem a promessas vazias. Ela somente se aplaca pelo esgotamento dos efeitos, uma vez cessada a causa, pela caridade, pelo amor, pela compreensão e pela paciência diante dos seus resgates. A consciência aliviada é força para renovação espiritual.

Não devemos nos esquecer da oração todos os dias para os que sofreram pela invigilância. O mundo atual está repleto destes dramas, o que nos dá coragem e estímulo para ajudar as almas comprometidas a aliviarem esses fardos pesados dos seus ombros, livrando-se do fogo do inferno íntimo, que causa todas as ações maléficas capazes de fazer sofrer terrivelmente. No entanto,é neste sofrimento que Deus nos lega lições imortais de amor e de perdão.

Quando a vítima é um Espírito elevado, ou que se eleva, o ofensor depara com a sua imagem na profundidade da consciência, não que a vítima o deseje, por já ter perdoado, mas, por força da lei. Depois de limpa a consciência, o ofensor guarda as lições e passa a trabalhar em favor dos que padecem as mesmas agressões, igual às que ele mesmo fez em tempos passados. Os justos, as almas puras, trabalham sempre sem se contaminarem. Por que esse interesse de ajudar, de servir, de amar aos que sofrem e passam por esses caminhos de contrastes? É porque eles já passaram por isso e outras entidades os ajudaram a caminhar com mais ânimo. Todos os Espíritos, sem exceção, trilham pelos mesmos caminhos. Somente as faltas, as dores, problemas e desarmonias diversas os fazem despertar para a luz que existe na sua intimidade.

A Doutrina dos Espíritos surgiu no mundo para nos mostrar a misericórdia de Jesus para conosco, apontando meios e mostrando condições de nos livrarmos de todo o mal, pela prática do bem.

Aos que sofrem os reveses das suas ações, parece que esses tormentos não têm solução, e passam a lembrar do inferno eterno para os maus, conforme afirmam certas religiões. A eles, o Evangelho responde:

Mas ele respondeu:

Os impossíveis dos homens são possíveis a Deus. (Lucas, 18:27)

Quando as lições forem assimiladas, virá a bonança para a alma sofredora e ela passará a sentir a presença de Deus abençoando-a e revestindo de coragem santa na construção da sua tranqüilidade. Nessa hora, a vítima desaparece da sua consciência, já que, em muitos casos, ela estava trabalhando para a sua recuperação no silêncio, de forma que vítima e ofensor se unem para o trabalho com Jesus em favor da humanidade. Eis aí o trabalho de Jesus nos corações das criaturas! É a fraternidade crescendo e o amor multiplicando amigos no coração da vida.

 

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