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VOTO DE SILÊNCIO
Outro absurdo qual o de insulamento! Tudo que vai aos extremos, passa a
restringir as possibilidades do bem. A palavra foi entregue ao homem por
Deus para ser usada. Ela gastou milhões de. anos para o devido
aprimoramento, tal qual se encontra; como determinarmos o seu
atrofiamento?
O silêncio comedido, por necessidade do aprendizado, é nobre. O absoluto,
entretanto, é erro gravíssimo, que faz esconder esse dom maravilhoso que
pode servir, ajudando a muitos que sofrem, padecendo os processos de
despertamento da alma. Convém notar que tudo obedece ao tempo para que a
harmonia se faça para a alegria de todos.
Ninguém pode conversar continuamente e o silêncio é o sal, usado com
parcimônia, para que se possa ser mais útil nos trabalhos que compete a
cada um fazer. Estas próprias letras que estão compondo essa mensagem
mostram os traços benfazejos do silêncio, para que se possa compreender o
que queremos dizer nestas páginas. O espaço entre uma e outra é o
silêncio. Assim é tudo na vida. No entanto, o que condenamos é o silêncio
absoluto, que nada regula, nem transmite para os que têm necessidade de
ouvir.
Voto de silêncio absoluto é uma forma de discórdia, por vezes mais
agressiva do que as palavras ásperas que maculam o coração. Tudo, em seu
lugar e em hora certa, é harmonia de Deus na expressão de amor.
Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que
é vosso? (Lucas, 16:12)
A aplicação do alheio são as leis de Deus. Se, porventura, entrarmos no
silêncio absoluto, podemos fechar igualmente os ouvidos, porque a lei não
vai permitir que também ouçamos aos outros nas suas necessidades. E aí, o
que poderá acontecer conosco? Passaremos a atrofiar os nossos dons, e
depois deles esquecidos pela natureza, estaremos com nossa vida igualmente
atrofiada.
Não se deve fazer voto de silêncio; ele é necessário, mas onde a
parcimônia indicar, com o equilíbrio que o Cristo nos ensinou em toda a
Sua vida divina. Devemos silenciar sim, quando aparecer oportunidade
contrária à caridade, nas linhas do mal, que não precisamos mencionar para
os que já conhecem Jesus. Mas devemos falar e não calar, quando Jesus usar
a nossa boca.
O Evangelho do Mestre é o código de luz que tem a capacidade de direcionar
os homens e almas para Deus, de modo que a harmonia estabeleça o amor nos
corações. Silenciemos, pois, no mal, mas falemos e não nos calemos no bem,
como Jesus disse a Paulo de Tarso. A palavra é força poderosa, por ter
nascido do verbo de Deus que ecoa em toda a criação. Tudo se comunica,
cada ser, cada coisa tem sua linguagem na escala que a vida maior lhe deu.
As seitas que estabeleceram o voto de silêncio no passado, não o fizeram
visando ao mal para seus profitentes, mas para fazer calar o mal que eles
poderiam fazer uns aos outros; foi a procura dos meios de educação, que
vêm com o tempo, alcançando melhor progresso. Hoje, não há mais lugar para
esse exercício primitivo.
Tornamos a dizer que é louvável fazer o voto de silêncio no que se refere
ao mal; em outros casos, só aquele silêncio de curtos espaços, para dar
melhor tonalidade e compreensão ao assunto. Tudo regulado, qual o tempero
na comida. Que Deus nos abençoe para melhor compreendermos as leis e a
vida.
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