FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XV

 

Questão 724 comentada

CAPÍTULO 10

0724/LE

MÉRITO DA ABSTENÇÃO

 

Toda abstenção que visa ao benefício coletivo é meritória ante a grandeza espiritual da vida, por significar amor. Mas, quando a abstenção de qualquer coisa somente visa à vaidade, com a intenção de que os homens vejam e aplaudam, é falta grave, por alimentar o orgulho e a satisfação interior com ilusões passageiras.

Quem quiser expiar alguma falta de que a consciência lhe possa acusar, não precisa pressa, porque Deus não a tem. Basta entregar as mãos ao bem comum, que a bondade divina proverá seus passos do necessário para a leveza do seu fardo.

A limpeza cármica das criaturas somente se faz pela direção divina e na hora em que o mundo espiritual, que responde pelas criaturas, achar conveniente e quando essas almas tenham estrutura para o devido resgate. No entanto, quando o Espírito em questão desconfia que é devedor e que já tem alguma compreensão sobre seus débitos, deve se entregar ao trabalho da caridade que, na expressão dos Espíritos benfeitores, "é um gênio de mil mãos". Mas, que se faça tudo por amor e com amor no coração.

Os conselhos que podemos dar aos companheiros da Terra, que se movem em um corpo humano, é que tudo que venham a fazer, mesmo o mais simples trabalho, que o façam perfeito, porque a perfeição carrega consigo a tranqüilidade e a harmonia que vibra em favor de quem o faz. Ainda que esse trabalho seja uma simples higiene corporal, o pregar um botão, o vestir uma roupa ou pentear o cabelo, que não saia das normas da perfeição e da rota da naturalidade.

Devemos copiar a natureza em todos os seus contornos, que sempre acertaremos no que devemos fazer, porque a natureza se expressa pela vontade de Deus. Jesus sempre falava que somente fazia a vontade de Deus. Isso é muito profundo e nos serve de exemplo.

João anotou no capítulo sete, versículo dezesseis, o que o Mestre disse com grande propriedade:

Respondeu-lhes Jesus:

O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou.

Tudo vem de Deus, e nada se faz sem a Sua magnânima vontade, e os Espíritos são Seus agentes, canais esses que cumprem fielmente a Sua determinação.

Não queiramos passar por privações voluntárias por conta própria, da maneira que entendemos, onde a vaidade é o móvel e o orgulho espera aplausos. Se tivermos alguma conta a saldar com a consciência, como todos temos, esperemos em Deus, que Ele sabe o que fazer e dosar os nossos fardos com as nossas possibilidades. Empreguemos, pois, o nosso tempo disponível no bem comum, no ambiente da fraternidade pura, que o mais virá quando necessário, fazendo a nossa evolução, de modo a despertarmos as qualidades de ouro que Deus depositou em nossos corações.

Abster-se de alimentos com promessas ilusórias, enfraquecendo o organismo que deveria estar forte para o trabalho, é fazer duas dívidas para o futuro. Quando o Senhor achar conveniente, teremos a oportunidade para os devidos resgates ou privações dolorosas.

Deus, novamente falamos, não tem pressa, mas não pára de operar.

Se quisermos aliviar os fardos e os jugos, comecemos a trabalhar dentro de nós mesmos, aprimorando os nossos dons, disciplinando as nossas qualidades, iluminando os nossos sentimentos porque, nesse esforço, teremos o apoio dos benfeitores da eternidade, a nos ajudar na busca da paz.

 

<< Voltar à Página da Questão (L.E.) <<

 


Principal | Os Autores | Este Site | Os Livros | Questões Comentadas | Mapa

O Livro dos Espíritos Comentado - 2008 - Desenvolvimento, Manutenção e Hospedagem: MakedonosWeb