FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XV

 

Questão 722 comentada

CAPÍTULO 08

0722/LE

ABSTENÇÃO

 

Muitos legisladores formaram certos preceitos, um dos quais é a abstenção de certos alimentos, deduzindo que quem deles se alimentasse passava a ter a mesma natureza do ingerido, assim como certos povos primitivos acreditavam que, devorando seu irmão guerreiro, herdavam a sua bravura.

O tempo passa, e está passando a época de abstenção das coisas externas, vindo o homem a se fazer de esquecido do mundo interno, cheio de hábitos e vícios contrários às leis de Deus/0 homem pode alimentar-se de tudo que não o prejudique. Cada organismo é um mundo com as suas necessidades diferentes, de acordo com o despertamento da alma. Uma lei que obriga a todos indistintamente àquilo que o Espírito individual poderia selecionar, deve cair, pela força do progresso.

A abstenção, por algum tempo, foi para fazer parar o abuso daquelas tribos inconscientes que procuravam adorar ao Senhor com o sangue derramado dos animais. A abstenção que devemos fazer é do ódio, da inveja, do ciúme, da prepotência, do orgulho e do egoísmo. Comer isso ou aquilo, ou deixar de comer, não ilumina nem atrasa ninguém, desde quando se use de discernimento. Somente o equilíbrio faz nascer a tranqüilidade na cidade da alma.

Certos governantes estabelecem leis para dirigirem seu povo, e dizem que elas são oriundas de Deus, para temor dos dirigidos. Isto é uma certa opressão necessária, porém, à faixa de evolução de cada tribo, de cada povo. Convém notar-se Moisés que, dotado de mediunidade, ante os que o seguiam em plena ignorância, tinha de fazer leis e falar que eram ditadas por Deus, para que fosse obedecido. Hoje se sabe que eram os Espíritos que falavam a Moisés, enviados por Jesus, de modo que o legislador hebreu pudesse fazer muitas outras para o bom andamento da sua missão.

Muitos condicionaram-se em certos mandamentos, como vindos do Criador, não tendo condições para raciocinar que não era necessário ao Todo Poderoso trazer a um homem um punhado de mandamentos, quando Espíritos ainda ligados à Terra poderiam fazê-lo. Não é.por exemplo, um pedaço de carne animal que vai perdera alma, que vive no mundo da mesma carne. O condicionamento por dentro, no processo das reencarnações sucessivas, vai expelindo o imprestável e colhendo o real, pois, para tanto fomos criados. Notemos que o índio grita, vem à sociedade para reclamar a invasão do branco, da investida da civilização, das mentiras do homem civilizado e da ciência adotada por ele, das coisas que usa, do barulho das grandes metrópoles e outras coisas mais, no entanto, começa a usar as coisas que os civilizados usam, lá mesmo, no seu "habitat" Muitos deles vêm devagarinho acomodando-se com as coisas da civilização. Crescer é uma lei natural. Com o tempo, mesmo com toda a proteção que a lei dos homens lhes oferece, tendem a desaparecer todas as tribos de índios da Terra.

Qual o civilizado que sai do seu conforto moral e físico para morar junto aos primitivos, sem usar do que já aprendeu com a civilização? Alguns missionários podem ir a eles para ajudá-los e instruí-los, pois cabe aos que se encontram na frente, ajudar aos que se encontram na retaguarda.

Não devemos deixar enraizar em nossas consciências as imposições dos legisladores que, como deuses, passam a criar preceitos inconvenientes por toda parte, a não ser que os que os acompanham sejam almas primitivas que precisam de guias exigentes, para que o vício não grasse como condicionamento nas suas almas, que são ainda crianças em busca de tutores. Os povos de hoje não são os povos de ontem; tudo muda de feição espiritual e mesmo física.

 

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