FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XV

 

Questão 720 comentada

CAPÍTULO 06

0720/LE

PRIVAÇÕES MERITÓRIAS

 

A dor, todos sabemos, é uma terapia espiritual para as almas, tanto assim que ela sempre existiu na face da Terra, bem como em alguns planos do Espírito desencarnado. Ela constitui o freio para regular os impulsos inferiores, donde se vê tanto sofrimento no mundo, quantidade imensurável de hospitais e remédios.

A dor é o aguilhão capaz de levar o Espírito a sérias meditações, resultando na ponderação das investidas ao mal. Diante das calamidades em que os homens se encontram, alguns entendem que para eliminar o passado culposo, ou para despertar suas faculdades espirituais mais depressa, encontrarão mérito em procurar sofrimentos e entram nas privações voluntárias pela própria vontade, como, por exemplo, abstendo-se de alimentos por muito tempo, crucificando-se em madeiros esculpidos por eles mesmos, "enterrando-se" vivos, se prendendo em locais onde ninguém os possa ver, privando-se do convívio dos seus semelhantes e quando aparece uma enfermidade, não procuram tratamento. Compreendendo que são sempre devedores de outras vidas, intentam resgatar a dívida por eles próprios, para mais depressa se libertarem.

Como se enganam essas pessoas! Não há mérito nessas extravagâncias de impor a si mesmos sofrimentos. Ao invés desses castigos, deveriam trabalhar para confortar os enfermos, animar os caídos e dar pão a quem tem fome; é muito meritório esse gesto de caridade.

Se queremos sentir o mérito das nossas ações, busquemos crucificar nossas paixões, esquecer as ofensas recebidas e amar a todas as criaturas de Deus, amando a Deus em todas as coisas. Eis aí o mérito dos nossos esforços. A época das privações exteriores ficou no passado; no presente, dado ao despertamento do homem para mais além, convém notar as mudanças dos comportamentos para melhor. Podemos observar que a própria religião católica já opera certas mudanças no que diz respeito também às prisões que algumas mulheres se impõem para a purificação dos seus sentimentos. Já se fecham alguns conventos, transformando-os em escolas; em vez de somente adoração, passa-se à ação, devido ao preparo dessas almas em questão.

O mérito hoje está na renovação interior da alma, e foi a Doutrina dos Espíritos a mais avançada filosofia neste sentido. A variedade de livros publicados, as mensagens dos benfeitores espirituais, mostrando às criaturas da Terra como avançar, ensina qual é o maior mérito para se libertar do peso cármico, ou o melhor trabalho para o seu despertar. Aqueles que combatem o Espiritismo Cristão sem examinar seus conceitos, não entenderam sua mensagem aos homens, porque seu objetivo é a iluminação da consciência humana. O espírita sincero não perde tempo em aceitar glória dos homens, mas trabalha em favor dele e de todos, como um dever de coração em Jesus.

Observem em João, no capítulo cinco, versículo quarenta e um, essa anotação:

Eu não aceito glória que vem dos homens.

Jesus nos mostra que a verdadeira glória vem de Deus, que nos faz conscientes da verdade. Nós devemos nos privar dos gozos inúteis, dos excessos do descanso em demasia, da gulodice e das extravagâncias. Vamos procurar pautar nossa vida dentro da simplicidade, onde o amor seja a nossa força, que gera esperança e paz.

O homem do passado somente tinha olhos para ver as coisas externas. O homem de hoje, que se encontra ligado às coisas que já se foram, continua sofrendo das ilusões externas, todavia, o novo homem, que nasceu em Jesus, passa a trabalhar e procurar os valores eternos dentro dele mesmo, lutando para essa grande conquista, que faz libertar a consciência, onde a tranqüilidade passa a ser um verdadeiro céu.

O mérito não é ajuntar coisas perecíveis, é despertar os dons que Deus depositou na intimidade de cada ser.

 

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