0705/LE
O QUE É NECESSÁRIO?
Necessário é o que sustenta o homem sem o desperdício; é quando não entra
na aquisição das coisas o egoísmo; é quando os sentimentos são
disciplinados pelo amor.
Cumpre notar-se que a natureza nada deixa faltar para a alimentação das
criaturas. Ela é mãe, com o indispensável amor para todos os seus filhos e
Deus enriqueceu o solo com as qualidades indispensáveis para a
multiplicação daquilo que ela produz, em favor dos viventes que ela acolhe
em seu seio de amor. E o Pai ama tanto a Seus filhos que, acima do
necessário, a terra é doadora em abundância, sempre ultrapassando aquilo
que bastaria aos homens e animais. Assim é que os habitantes do mar não
reclamam mais alimentos, como os dos ares, e mesmo os da terra, a não ser
os homens, que violam as leis, e desviam os seus celeiros.
Deus dotou os homens da inteligência, e eles devem usá-la para ajudar a
terra na multiplicação dos alimentos. Hoje, notamos o quanto as máquinas
ajudam as criaturas no aumento da produção e eles ainda usam inseticidas
químicos que tisnam o magnetismo animal, torcendo certas leis que
equilibram a circulação vital no organismo.
Não é preciso violentar a natureza; ela sabe o seu trabalho e o faz com
presteza e exatidão. Ela sabe que os corpos são seus filhos e que precisam
ser alimentados, para desempenhar o papel para o qual foram incumbidos, em
ajudar a alma na sua jornada, em se despertando os dons espirituais que
clareiam os caminhos para Deus, libertando as suas forças e conquistando a
si mesma. O limite do necessário vai até onde começa o desperdício.
O que faz o homem passar necessidade das coisas, não é a falta de tais ou
quais alimentos, nem de vestes; é a usura, é a ganância do ouro. Ele
deseja ajuntar cada vez mais, esquecendo-se do que Jesus nos adverte:
Louco, esta noite pedirão a tua alma; e o que tens guardado, para quem
será? (Lucas, 12:20)
O Espírito, ao passar para a vida espiritual, não leva nem o próprio corpo
de carne que usou por misericórdia de Deus. E qual o resultado do que
ajuntou? Deve-se comer para viver, e não viver para comer; deve-se vestir
para viver com simplicidade, e não transformar as vestes em luxo,
complicando-se a vida. Deve-se morar para se resguardar das intempéries da
natureza, e não transformar a moradia em palácio, de maneira que o apego
se lhe prenda a ela, mesmo depois do túmulo.
Em alguns países, mandam-se queimar alimentos e outros produtos para que o
preço corresponda à ganância. Isto é um verdadeiro crime. A natureza ,
pela violência com que foi atingida, revolta-se contra os homens e eles se
esquecem que violentaram a lei, se esquecem da justiça.
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se, ou
a causar dano a si mesmo? (Lucas, 9:25)
Aí temos a resposta para o assunto: para que ganhar o mundo inteiro com as
riquezas e perder a si mesmo, perdendo-se nos labirintos da incompreensão,
sofrendo as conseqüências dos atos que escaparam à vigilância? Deus nunca
Se esqueceu dos alimentos dos Seus filhos.
Os pais na Terra não deixam seus filhos sem o sustento, quanto mais o Pai
de todos nós. A natureza é rica daquilo que ela sabe dar com abundância.
Somente os mares têm alimentos enriquecidos para manter toda a humanidade
com fartura. As águas são vivas e sabem obedecer à vontade do
Todo-Poderoso.
ê fala do próprio Mestre, que se fizermos a vontade de Deus e a Sua
justiça, tudo mais vem por acréscimo de misericórdia. Se nada falta para
os peixes, para os pássaros e animais, porque irá faltar para os homens?
Confiemos, esperemos e trabalhemos, que a fartura virá.
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