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ORAR PELOS MORTOS
Devemos sempre orar pelos Espíritos desencarnados, principalmente pelos
sofredores que ignoram a bondade de Deus. Mesmo que seja uma alma devedora
em todas as circunstâncias, violenta em todas as suas atividades, devemos
a ela um gesto cristão, oferecendo as nossas orações, o nosso carinho,
para que possa modificar suas intenções e despertar em seu coração o
interesse de ser útil aos que sofrem igualmente. Não é perda de tempo,
como alguns pensam, e certas filosofias ensinam; é dever do homem de bem
orar pelos que sofrem ou causam sofrimento aos outros. São os doentes que
precisam ser tratados.
A prece não vai mudar os desígnios de Deus, nem diminuir as provas dos que
incorreram em faltas, porém é força poderosa que parte do coração
misericordioso que se instrui com Jesus. O Mestre é a misericórdia viva
que veio de Deus para a humanidade.
A oração tem o poder de levar ao desesperado a paciência; ao violento, a
calma, ao odiento, o amor, ao sofredor, o alívio. É nesse processo de
socorro que se vê o tesouro da prece, quando feita por amor às criaturas.
E, ainda mais, a súplica direcionada a outrem tem a propriedade de
condicionar no Espírito visado os sentimentos que a acompanham, de modo
que o aliviado medite sobre essas bênçãos e tenha o ensejo de modificar
seu modo de vida, passando a trabalhar dentro de si e aprimorando seus
pensamentos, palavras e obras, pelo simples toque de uma oração a serviço
da caridade.
Oremos sempre, entretanto, esquecendo o fanatismo que sempre carrega
consigo o apego às coisas materiais, acreditando mais nas formas do que na
energia que circula em nome d'Aquele que é tudo para nós outros.
Se devemos orar pelos mortos? Claro que devemos; eles são os mesmos que
antes carregavam um fardo físico, e a energia circulante e divina da
oração, quando é doada por amor, tem o poder de buscar a criatura visada
em qualquer lugar do universo em frações que segundo, envolvendo o
Espírito doente e abatido no carinho e no amor que se desprendeu dos
sentimentos de quem ofertou a oração nas linhas da caridade.
Para saber orar do modo que Jesus ensinou, necessário se faz que amemos a
Deus sobre todas as coisas, e em todas as coisas. Nesse ritmo de súplica,
o que ora já está vislumbrando o reino da felicidade e gozando do reino de
Deus, como Espírito livre de todos os agravos com que a humanidade possa
tentar atingir seu coração.
Para buscar no Evangelho mais segurança quanto à conduta da alma
iluminada, verifiquemos o que o Mestre disse, anotado por Marcos, no
capítulo doze, versículo trinta e quatro:
Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás
longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo.
O primeiro passo para o caminho da serenidade é não responder à ofensa,
porque o agravo vem com o magnetismo inferior do ofensor e cria ambiente
para discussões estéreis, de modo que pode surgir a discórdia e mesmo
inimizade, a durarem por tempo indeterminado. A violência é fonte de
sofrimento e de mal-estar, e em seu lugar deve nascer o perdão, porque ele
asserena todas as fúrias. Se o ofensor continuar, os Espíritos superiores
isolarão suas investidas no homem de bem, e ele ficará a sós com as suas
maldades e suas paixões inferiores.
É útil, sim, orar pelos Espíritos sofredores em qualquer estágio em que se
encontrarem, pois a prece do coração em Cristo é luz que estabiliza a
harmonia, onde for direcionada.
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